quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Dia depois de Você

Tinha nada para fazer...assim nada não era, era espera mesmo!!! Me encostei no canto da cozinha e abri um livro bem pelos meios...não gostei do que li, eu li algo sobre “memória poética”, uma memória onde a garota do tapete não entrava, apesar de bater na porta avidamente com um sorriso de quem viveu algo bonito, e ele com cara de pasmo, sei lá, por não ter vivido o mesmo sentimento com ela, apesar de ter partilhado da mesma coisa, não que aquilo deixasse de ser poesia para momento.
Atualmente acho que estou enlouquecendo.
Entrando na entressafra*, naquele estado de quase obsessão, achando que tudo tem uma seta voltada para Você.
Penso, repenso, e nada me faz focar. Nem mesmo os olhos desnudos de ti.
Tenho saudades, vontades, e não posso.
Me calo. Me cego. Me finjo. Outra pessoa, aquela que não se importa...mas a essa altura eu poderia ser qualquer pessoa.
Qualquer pessoa que não fosse eu mesma vivendo essa agonia que vem de dentro de mim diretamente disparada para você, chamada amor, desejo...
Te vi ontem, no trânsito parado dos caminhos cortados.
Impressionante mesmo esse tal músculo chamado coração, que vem na garganta, que solta o grito abafado, por um momento rápido, e que se acalma novamente porque não vai ter a oportunidade de lhe encontrar novamente, não naquele instante.
Dou uma conferida no retrovisor, como se alguma coisa estivesse fora do lugar.
Pois bem, eu estava fora do lugar, fora de mim. Me* esqueci onde nossos carros se cruzaram. Inclusive passei lá hoje de manhã, na tentativa em vão de me encontrar. Porque, eu me perdi em outros lugares. Me perdi dentro do pensamento da lei que atraí a mim todas as coisas, e agora mais do que nunca, pessoas relacionadas a você.
Tentei me encontrar na porta de casa, onde te deixei, nas cores das paredes, nas fotografias...nas músicas habituais.
Mas acho sempre que vou me encontrar no dia depois de amanhã, esperando sempre.
Que absurdo!!!
Tudo isso é minha “memória poética”. Síndrome que eu preferia não viver...nem essa, nem síndrome alguma.
Vivo, como se fosse te encontrar no meio do caminho!
Mas eu estou no meio do caminho, as coisas, os pensamentos, os desejos, as mãos atadas, as palavras, o tempo. Você anda por aí, dentro das casas, sem “memória poética” (eu espero que não, intimamente).
Volto para cá, o mesmo lugar, as mesmas músicas, talvez a mesma bebida...mas sem o mesmo bom momento.